quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Desencanto



"Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E neste versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

-Eu faço versos como quem morre."


Manuel Bandeira

Teresópolis 1912

Um comentário:

Carina Kunze disse...

É, poesia bem feita se faz com sentimento forte...
Muitas vezes angústia e sofrimento são mais inspiradores que paz, ou alegria.

Infelizmente estamos condenados todos a sermos mais criativos quando choramos.



Combinou com o meu dia...

hehe

Besitos chiquita!
Hasta!